Você sabe como o fígado se divide? E por que isso é importante no planejamento da cirurgia do fígado?
A divisão do fígado em unidades autónomas permite a ressecção cirúrgica de segmentos e secções individuais, sem danificar os restantes segmentos. Assim, para que o fígado permaneça viável, as ressecções ocorrem preservando as veias hepáticas e porta, além dos canais biliares, nos planos que definem os limites desses segmentos.
O sistema mais utilizado atualmente para descrever a anatomia funcional do fígado é a classificação de Couinaud, homenagem ao cirurgião francês, Claude Couinaud, que em 1957 descreveu pela primeira vez essa divisão anatômica.
Classificação preferida divide o fígado em oito partes
A classificação anatômica feita por Claude Couinaud é preferida por dividir o fígado em oito unidades funcionais independentes, denominadas segmentos, em vez de se basear na descrição morfológica tradicional, que considera a aparência externa do órgão.
“A delimitação dos segmentos baseia-se na característica de cada um deles possuir seu próprio duplo influxo vascular, drenagem biliar e drenagem linfática. Geralmente, cada segmento pode ser conceituado como em forma de cunha, com o ápice apontando para o hilo hepático (porta hepatis), onde um único ramo segmentar da veia porta, artéria hepática e ducto biliar entram – a tríade portal”, explica dr. Felipe Coimbra, cirurgião oncológico, diretor de Tumores Gastrointestinais do A.C.Camargo Cancer Center e do Instituto Integra Saúde.
Ao longo dos limites de cada segmento, há fluxo venoso nas veias hepáticas. Desse modo, uma veia hepática drena dois setores adjacentes e cada segmento possui múltiplas veias hepáticas de drenagem. “Essas veias correm em três planos verticais, que irradiam da Veia Cava Inferior intra-hepática, e que separam quatro seções do fígado, sendo cada seção dois segmentos: um em cima do outro”, ensina.
A nomenclatura universal consistente foi definida e promovida pelo Comitê de Terminologia da International Hepato-Pancreato-Biliary Association (IHPBA), com base na reunião de Terminologia de Brisbane 2000. Naquele ano, o Comitê publicou essa nomenclatura hepática de consenso, que foi rapidamente adotada em todo o mundo.